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21/06/2008 00:00:00

Especiais


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Antonio Aragão

 

Foi na manhã deste sábado (21) as 10h00min horas (meio dia, horário de Brasília) no Woodlawn Cemetery, na cidade de Saskatoon, no Canadá, o sepultamento do Monsenhor Donald Macgillivray, falecido no ultimo sábado dia 14, após uma longa enfermidade que inclusive lhe privou de uma das pernas. A noticia do falecimento do religioso, que foi pároco geral da Paróquia de Santa Maria Madalena (União dos Palmares e Santana do Mundaú) por 38 anos (entre os anos de 1964 e 2002) deixou consternada toda população palmarina, que ontem reverenciou o Monsenhor com uma missa celebrada na Igreja Matriz em União dos Palmares.

 

“Padre Donald” como era conhecido é de uma família humilde do interior do Canadá. Seus pais Alexander e Rosa tiveram oito filhos: Leo, Alexander, Angus, Ronald, Allan, Jack e Collin além evidentemente de Donald. Sua formação educacional e religiosa deu-se nas escolas St. Paul’s School, City Park Collegiate, St. Peters College e finalmente no Muenster and St. Peter’s Seminary na cidade de London, estado de Ontário, todos no Canadá. Ordenou-se em 18 de maio de 1950 na Catedral de São Paulo, cuja cerimônia, segundo sua biografia, foi presidida pelo Reverendo Philip Francis Pocock. Tornou-se Monsenhor na terra que o adotou como filho, União dos Palmares, em 21 de agosto de 2005 em memorável celebração religiosa, quando de sua ultima visita à terra dos Palmares.

 

Ao chegar a União no ano de 1964, trouxe em sua companhia os também padres Emilio e Roberto. A região vivia um drama pois recentemente havia ocorrido uma catástrofe que dizimou a cidade de São José da Laje e o distrito de Rocha Cavalcante, para o qual, junto a sua comunidade natal e o Vaticano conseguiu recursos para fundar a Vila Papa Paulo VI, que abrigaria os flagelados palmarinos.

 

Sua obra social não parou por ai. Em União, fundou a Organização Mirim de União dos Palmares para abrigar menores desamparados, cuja obra, a época era ponto de referencia para todo Brasil. Reestruturou a Organização São Vicente de Paulo, mantenedora do Hospital Regional São Vicente de Paulo. Era um homem de grandes qualidades quando pastorava almas e de espírito de somar, o que lhe rendeu o respeito e a admiração de todos os membros das outras religiões da cidade, e o titulo de Cidadão Palmarino, honraria concedida pela Câmara Municipal de Vereadores.

 

Catequista nato, Monsenhor Donald era conservacionista, mas o mundo vivia uma renovação profunda. O Brasil, na sua chegada, adentrava ao regime militar, de exceções, mas ‘Padre Donald’ nunca se envolveu em política. Preferia dedicar sua magnanimidade aos pobres e injustiçados. Muitas vezes dividia o pouco dinheiro que ganhava com os desvalidos, mérito que lhe valeu o titulo de “Homem Santo”. Modesto, moderado, apaziguador, amou União dos Palmares.

 

Reuniu casais separados, arrebatou católicos desgarrados da Igreja Católica e de Deus, foi fundador de vários segmentos católicos, hoje chamados de “pastorais”. Tinha um olhar profundo e significativo que às vezes consentia, mas às vezes repreendia. Sua presença em todos os quadrantes do município era sinônimo de respeito e admiração por todas as camadas sociais. Adorava as crianças e os adolescentes, dos quais se tornou um ídolo.

 

No começo de sua enfermidade que se arrastaria por anos, acreditava que recuperaria seus movimentos, chegando a mandar adaptar um carro. Segundo ele, “para ter um contato mais aprofundado e me locomover para levar a palavra de Deus aos carentes”. Circulava por União cumprimentando as pessoas. Nunca demonstrou tristezas publicamente, mesmo quando recebia noticias de sua terra longínqua, como o falecimento dos seus outros sete irmãos, evidentemente, um de cada vez. Morreu serenamente, por volta das 3,00 horas da manhã do ultimo sábado.

 

Costumava dizer aos rebeldes “Deus Seja Sua Companhia”, e sempre os perdoava.

 

Informações do Canadá dão conta que sua ultima morada será em um cemitério análogo a Catedral onde seu corpo foi velado e encomendado pelo Bispo Albert LeGatt e frei Ron Beechinor, embora com humildade, quando de suas vindas a União, confidenciasse que gostaria de ser sepultado na sua inolvidável União dos Palmares.

 

Por certo, se existir um Céu, o que por certo existe, lá estará, junto ao Arquiteto do Universo, Donald Macgillivray, que indubitavelmente deixa uma lacuna que por muito anos fará a sociedade e os que tiveram o privilegio de conhe-lo ressentida e saudosa, pois homens de seu quilate na atual geração, é uma raridade.

 

 

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