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União dos Palmares
25/11/2013 15:31:51

Suposta construção de contenção no Rio Canhoto cria clima de inquietação e medo em mais de 70 familias de agricultores


Suposta construção de contenção no Rio Canhoto cria clima de inquietação e medo em mais de 70 familias de agricultores
Vale que pode ser inundado é de exuberante beleza

A noticia divulgada por ‘homens de roupa laranja’ de que no dia primeiro de janeiro de 2014 deve começar as obras de contenção do Rio Canhoto na altura da propriedade ‘Barra do Caruru’ (a 5 quilômetros do distrito de Rocha Cavalcante) na zona rural de União dos Palmares deixou cerca de 70 famílias espalhadas em pequenas propriedade que residem na região em clima de incerteza e inquietude, pois muitas dessas pessoas residem a mais de 80 anos naquela região que ainda preserva pedaços da natureza selvagem e exuberante.

Para os moradores da zona urbana do distrito de Rocha Cavalcante, União dos Palmares, Branquinha, Murici, Rio Largo e até a periferia de Maceió, o temor de uma futura rachadura nos paredões (que terão 35 metros de altura) poderá ocasionar novo desastre como a cheia de 2010 cuja ‘verdadeira causa da tragédia que arrasou a zona da mata alagoana, matou 44 pessoas e tirou mais de 40.000 pessoas de suas casas pode ter sido uma espécie de 'tsunami' causado pelo rompimento de barragens privadas situadas na bacia dos rios Canhoto (PE) e Mundaú (PE e AL). "É a única explicação possível", afirma Ricardo Sarmento Tenório, professor de meteorologia da Universidade Federal de Alagoas e coordenador do Sistema de Radar Metereológico de Alagoas (Sirmal)’ conforme publicou a editora abril na época.

Segundo Silvana Mendes do site ‘Princesa das Fronteiras’ o rio Canhoto tem sua origem na serra do Papagaio, no município de São João, antigo distrito de Garanhuns em Pernambuco. Naquele estado atravessa os municípios de Angelim e Canhotinho. Em alagoas cortas as terras de São José da Laje, recebe o nome de Rio Canhoto por passar pelo lado esquerdo da cidade, indo juntar-se ao rio Mundaú no município de União dos Palmares já em Alagoas.

Em Pernambuco, o rio Canhoto está situado na Zona do Agreste, com vegetação característica, e é temporário. Já em Alagoas dá-se o contrário: em suas margens, a vegetação é abundante, apesar de bastante desmatadas, é permanente. Sua extensão, da nascente em Pernambuco até o encontro com o Mundaú (do qual é o principal afluente) é de aproximadamente 80 km.

Os afluentes, no lado alagoano são: Cabodé, Pombal, Santo Antonio, Pulas e Jibóia, Caruruzinho e Esfrega Folha. O Rio Canhoto tornou-se mundialmente conhecido após a catástrofe ocorrida em 14 de março de 1969, onde o alto volume d’água causou a tragédia no município de São José da Laje, hoje comparada com o que acontece na índia com as ondas gigantes.

Para a agricultora ‘Dona’ Iva de 40 anos de idade, casada, 4 filhos, espécie de ‘zeladora’ de um cemitério cujas sepulturas foram arrastadas pela cheia de 2010 situado na margem do Rio Canhoto, cuja propriedade deve ser desapropriada, ‘aqui nasceram meus avos, meus pais e meus filhos. Nunca sai daqui embora tenha mudado de casa por três vezes até me fixar nesta onde moro a mais de 20 anos. Eu, como todos os moradores da região não concordamos com a inundação de nossas terras, principalmente porque está sendo praticamente a força. Ninguém disse nada a gente, ninguém falou em indenizar nossas pequenas propriedades, e ainda por cima já detonaram dinamites em uma pedra e furaram um buraco de mais de seis metros onde vai começar a barragem sem autorização de ninguém. Nossas terras são escrituradas. Pode isso? Cadê o governo?

Dona Josefa Vitor de Lima de 83 anos de idade, mão de 10 filhos, a barragem ‘será o fim de minha vida. Aqui nasci, me criei casei, vi meus pais, irmãos, tios e toda família ser enterrada aqui perto, e apesar de já ter viajado para São Paulo inúmeras vezes para visitar meus parentes, aqui é o meu lugar. Digo que daqui não saiu daqui ninguém me tira. Se taparem o rio, o senhor vai tirar meu retrato na barragem, morta’ afirmou a octogenária, que é proprietária de sete hectares onde planta frutas e hortaliças na margem do Riacho ‘Caruruzinho’ a poucos metros de onde o paredão será erguido.

O ancião Manoel Francisco da Silva de 64 anos de idade cuja propriedade mede 10 hectares a obra vai ‘desinquietar a gente que já está no final da vida e lutou para ter seu pedaço de terra para ter um fim de vida sossegado. Não sei se vou sobreviver, mesmo que a firma faça outra casa para minha família em outro lugar. Estou como todos os demais moradores preocupados com o dia de amanhã relacionado a esse assunto. Eu mesmo não aceito sair daqui’.

Com a barragem, a antida estrada de terra batida que antes da BR-104 interligava Alagoas e Pernambuco via União dos Palmares e São José da Laje também desaparece.

nilson azevedo (colaborador)

redação //


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