19/04/2024 17:27:38

08/02/2008 00:00:00

Trânsito


Trânsito

Além de lidar com o preconceito e as dificuldades de acessibilidade no dia-a-dia, o cliente com mobilidade reduzida ou portador de deficiência física encontra uma grande barreira na hora de se tornar um motorista. O despreparo de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço atrasa – e muitas vezes impede – a compra de um veículo adaptado por uma pessoa com alguma limitação.

O triatleta Eliseu Pereira, de 47 anos, teve as duas mãos amputadas em 1984, quando sofreu um acidente com granada durante o serviço militar. Para ele, um dos maiores obstáculos para o comprador de veículos adaptados é a falta de informação em relação a este grupo de consumidores.

"Alguns anos atrás, no Brasil, não tínhamos à disposição nas lojas câmbio automático nem direção hidráulica na maioria dos carros. Hoje já encontramos várias opções de automóveis que oferecem essas coisas. Só que esses itens não podem ser tratados como luxo, principalmente quando o cliente é um deficiente físico ou tem alguma necessidade específica. Se a pessoa tem um problema na perna esquerda, por exemplo, ela simplesmente não pode dirigir se não tiver um carro automático. O empresário que faz uma loja com todas as normas para o atendimento do deficiente físico é um visionário. Ele me coloca em condições de igualdade", diz Pereira.

Além da falta de informação, o preconceito também é um vilão na hora da compra de um automóvel adaptado. "Eu gostaria que todos olhassem para nós como pessoas normais e oferecessem nada além do que todos merecem: um bom atendimento. Conscientização acontece quando o motorista vê a vaga reservada para o deficiente físico e passa direto sem nem pensar que poderia estacionar ali. Não é uma questão de prioridade nem regalia. Se o cadeirante não tiver um espaço maior entre uma vaga e outra, ele não tem como sair do carro”, analisa o triatleta.

Eliseu Pereira detalha alguns itens que podem até impedir o deficiente físico de comprar seu veículo ou – no mínimo – deixar o processo penoso e desagradável.

“Se tomarmos o exemplo do cadeirante, percebemos que em alguns casos ele não consegue nem entrar na loja. Primeiramente, é preciso uma rampa de acesso com uma inclinação em que ele possa subir sozinho. Também não adianta colocar uma rampa com curvas fechadas, em que a cadeira de rodas não consiga virar. No meu caso, que não tenho as duas mãos, não dá para abrir a porta quando a maçaneta é redonda. Em uma concessionária, é preciso circular entre os carros, abrir as portas. E se os veículos estiverem amontoados, como acontece na maioria dos casos, não há como escolher o produto. O cadeirante é um cara espaçoso!”, brinca.

Concessionária especializada

Foi inaugurada em São Paulo no mês de janeiro a primeira concessionária que atende exclusivamente clientes portadores de deficiência física e com mobilidade reduzida. Além de funcionar como ponto de venda, a Grand Special – que fica no bairro da Vila Olímpia - reúne diversos prestadores de serviço em seu espaço. No local, o portador de necessidades especiais encontra auto-escola, uma empresa que cuida das isenções de impostos na compra do carro e seguradora, além da própria loja de carros.

“Nosso objetivo é dar atendimento exclusivo ao deficiente. Ele entra na loja sem ter nem a carteira de motorista e encontra assessoria para todo o processo, até o momento em que sai dirigindo seu carro adaptado. Muitos não sabem nem que têm direito a dirigir”, explica o gerente de vendas diretas da Grand Special, Sérgio Navarro.

O diretor comercial das concessionárias Grand Company, Dreyfus Carmona, ressalta que o público com necessidades especiais tem dificuldade de encontrar informações e atendimento adequado quando deseja comprar um veículo. “Este mercado é muito carente. O deficiente não é atendido. Ele entra em muitas lojas e não encontra nenhum funcionário apto a informá-lo sobre a compra de um carro adaptado, com isenção de impostos.”

O atleta e professor de dança Alex de Souza, de 32 anos, que não tem um dos pés desde que nasceu por conta de uma doença, recebeu com satisfação a notícia da inauguração da loja. “Aqui você encontra o cara especializado que te informa sobre os seus direitos, indica empresas que fazem os serviços e garante agilidade no processo de compra do carro, que em geral demora muito mais. É quase a garantia de que você vai voltar quando desejar comprar um novo.”

Serviço:
Concessionária Grand Special
Avenida dos Bandeirantes, 1729
Vila Olímpia – São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3841-2000

com G1



Enquete
Na Eleição de outubro, você votaria nos candidatos da situação ou da oposição?
Total de votos: 31
Notícias Agora
Google News