Economia

Com alagoasnegocios //

As usinas de açúcar da Índia estão cancelando contratos de importação após uma queda nos preços domésticos, e as empresas não devem assinar novos acordos de compras no exterior em meio a expectativas de um salto da produção local, disse uma autoridade sênior da indústria.

Os contratos foram assinados no final do último ano e no início deste ano quando os preços domésticos subiram para níveis recordes e previsões apontavam para uma produção menor. Desde então, os preços recuaram cerca de um terço e novas estimativas projetam um aumento semelhante da produção.

"Eu acredito que os cancelamentos estão acontecendo por conta do preço menor no mercado doméstico", disse Vivek Saraogi, presidente da Isma (Associação de Usinas de Açúcar da Índia), em entrevista nesta quarta-feira.

"Parece que ninguém vai assinar mais contratos de importação. Logicamente isso não vai prosseguir... não há necessidade para importações."

A indiana Mawana Sugars informou nesta semana que cancelou um contrato para importar 30 mil toneladas de açúcar bruto. Mas a Balrampur Chini, cujo diretor é o próprio Saraogi, não cancelou importações ainda, disse ele.

SAFRA MAIOR

A Índia, o maior consumidor de açúcar do mundo, deve produzir entre 24 e 25 milhões de toneladas em 2010/11, superando a demanda local de 23 milhões de toneladas, acrescentou ele.

A Índia produziu 18,7 milhões de toneladas de açúcar em 2009/10, de acordo com a ISMA, previsão significativamente maior do que estimativas iniciais de 14-15 milhões de toneladas, reduzindo as aquisições estrangeiras do país.

De acordo com estimativas da indústria, a Índia assinou acordos para importação de aproximadamente 5 milhões de toneladas em 2009/10, estimulando uma avanço dos futuros negociados em Nova York para o maior patamar em quase três décadas.

Um dos principais fornecedores para a Índia é o Brasil, maior produtor e exportador global.

Em Maharashtra, principal Estado produtor de açúcar da Índia, os preços no mercado à vista caíram para 2.600 rúpias (US$ 55,30) por 100 quilos ante o recorde de 3.972,3 rúpias em 7 de janeiro.

No último ano, a Índia autorizou importações de açúcar isentas de imposto e determinou limites para armazenamento, uma vez que a produção caiu e os preços saltaram.

Saraogi disse que o governo certamente irá fixar imposto para importações de açúcar branco antes o início da nova temporada de moagem em outubro.

Os preços do açúcar no mercado doméstico devem continuar estáveis no curto prazo, acrescentou ele.

As recentes chuvas de monção estão sendo boas para a safra de cana, mas avaliar o seu exato impacto é difícil neste estágio.

A temporada anual de chuvas da Índia, cruciais para uma recuperação da produção agrícola após a seca do último ano, avançou rapidamente e cobriu todo o país, estimulando o plantio da safra, o que deve conter a inflação dos alimentos.