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06/06/2010 00:00:00

União dos Palmares


União dos Palmares

Da Redação // Com ivan nunes (blog a palavra)

Foi sepultada na manhã deste domingo no cemitério Campo Santo dos Palmares, em União dos Palmares, o corpo de Maria das Dores Barros de Lima, 29 anos, vítima de afogamento ocorrido no começo da noite de sexta-feira, dia 4, quando tentava atravessar, ao lado do marido, José Carlos da Silva, uma queda dágua de cerca de 20 metros de altura, utilizando o parapeito da barragem localizada no assentamento Quilombo dos Palmares, região de Santa Maria, zona rural do município.

'Dorinha' como era conhecida no Movimento Sem Terra, retornava para casa com o marido no assentamento Quilombo dos Palmares, quando ambos tentavam atravessar um córrego. As fortes chuvas caídas na região, elevaram o nível do riacho, mesmo assim, o casal não desistiu de atravessar o córrego utilizando o parapeito da cachoeira.

“A nossa casa fica do outro lado do riacho e nós iamos levar remédios para as crianças que estavam adoentadas, quando Dorinha insistiu que fizéssemos a travessia. A agua já batia praticamente na cintura. Os moradores do assentamento, todos eles faziam esse trajeto para chegar do outro lado, mas com a água baixa, dá para atravessar até por cima do lajeiro que tem”, disse José Carlos da Silva a amigos ligados a família.

De acordo com relato de vizinhos de assentamento, Zé Carlos ainda tentou convencer a esposa para não atravessar o riacho pois o volume de água aumentava a cada instante. Já estava escuro, passava das 17,45hs quando os dois iniciaram a travessia. Das Dores Barros de Lima, saiu na frente segurando a mão do marido. Num determinado trecho ela perdeu o equilíbrio e despencou cachoeira abaixo puxando consigo o braço o esposo.

Na luta pela sobrevivência travada pelo casal, José Carlos tentou se agarrar num galho de ingazeira, mas a força da água fez com que a esposa dele soltasse a sua mão dando início a uma queda livre nas pedras da cachoeira da Fazenda Santa Maria.

“Ouvi a Dorinha gritar o tempo inteiro que ia morrer, mas eu tentava tranquilizá-la dizendo que não, pois eu ainda segurava firme na sua mão. Foi quando ela se soltou e a partir dai, descemos juntos”, disse José Carlos que conseguiu sobreviver a tragédia.

Testemunhas disseram ao blog, que Zé Carlos no momento em que começou a cair ao lado da esposa, utilizava o capacete de sua motocicleta na cabeça, enquanto a sua esposa segurava o dela numa das mãos.

Versão confirmada pelo esposo da vítima revelando ainda que ao chegar num poço da cachoeira, não viu mais a sua esposa. Antes de afundar, ele olhou para cima e viu um galho de árvore na beira do lago, foi onde ele se agarrou, o que ajudou a salvar sua vida.

Aos gritos de socorro, vizinhos reconheceram a voz do líder do MST e foram até o local onde jogaram uma corda para tirar o ativista agrário para fora das águas. Imediatamente cerca de 30 pessoas iniciaram as buscas para localizar o corpo de Maria das Dores Barros de Lima, a 'Dorinha', mas não obtiveram êxito.

Companheiros de assentamento passaram boa parte da noite tentando localizar o corpo da vítima com auxilio de lanternas e candeeiros, mas nada dava certo. No dia seguinte, ao amanhecer, por volta das 5 e meia da manhã, um trabalhador encontrou o corpo de Dorinha preso a uma cerca de arrame farpado com os braços levantados e presa pelos cabelos, já sem vida.

Foi registrado no cerimonial fúnebre a presença do deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, amigo da família, o vereador Manoel Feliciano, a presidente municipal do PT de União dos Palmares, jornalista Genisete Lucena, e boa parte da militância do MST em Alagoas oportunidade em que foram prestadadas as as últimas homenagens a uma das lideres do MST na Zona da Mata alagoana.

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