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30/04/2010 00:00:00

Especiais


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com cadaminuto // Fonte Pe 360 graus

O assunto em todas as rodas de conversa na cidade de Ribeirão, nesta quinta-feira (29), foi um só: como é que um homem analfabeto conseguiu passar num concurso público? Tudo porque o agricultor José Santos Cavalcanti acertou 21 das 30 questões da seleção para escolher funcionários da prefeitura da cidade. Ao ser denunciado ao Ministério Público, ele disse que marcou as questões da prova como se estivesse jogando na loteria.

Após toda a confusão, ele conversou com a repórter da Globo Nordeste, Karla Almeida, e explicou que as letras, até conhece bem. O problema, é formar palavras e conseguir ler. “Só falta isso, tá vendo como é a coisa? Conheço as letras e não sei justificar a palavra”, disse.

Seu José começou a trabalhar com o pai aos oito anos de idade. A vida na roça não deu ele a oportunidade de estudo e só aprendeu a assinar o nome. “Me inscrevi no colégio, mas cadê o tempo de estudar? Porque ia se preocupar com o dinheiro e hoje eu posso tá prejudicado por isso.”

Mas, a condição de analfabeto não o impediu de realizar um sonho. Com a ajuda de uma amiga, ele se inscreveu para um concurso na Prefeitura de Ribeirão, a 80km do Recife, para o cargo de vigilante. O salário, de R$ 510, seria bem melhor do que consegue apurar, trabalhando como agricultor. Ele aproveitou a experiência dos cartões da loteria para chutar também no gabarito.

“Eu cheguei lá, tinha lá as letras, no começo das palavras tinha C, A, E tinha D. Aí por diante...aí eu fiquei imaginando comigo ai eu digo eu acho que essa, aí marquei o xizinho, aí a outra mais pra baixo, fiz a mesma coisa e daí por diante fui chutando, feito que estou jogando (sic).”

Seu José acertou 21 das 30 questões de português, matemática e conhecimentos gerais. Ficou entre os primeiros 44 colocados, num total de 70 que conseguiram se classificar. Mas a sorte não foi completa. O prêmio, ele não pode receber. Seu José teve o nome retirado da lista de aprovados, por decisão do Ministério Público.

“Não há crime, qualquer pessoa no país pode se inscrever em qualquer concurso, com exceção da magistratura e do Ministério Público, que só pode se inscrever se for bacharel em Direito, no caso as decisões do STJ e Supremo Tribunal Federal é no sentido de que, mesmo sendo a pessoa no ato da inscrição sem ter a habilitação para assumir o cargo, um concurso desse nível. Ele não tem habilitação, quando a prefeitura fosse convocar os aprovados, ele teria que apresentar o certificado de conclusão do segundo grau, ele não tendo, ele não pode assumir”, explicou o promotor Hipólito Guedes.

A prefeitura também entendeu que o agricultor não tinha condições de assumir o cargo. “Ele não tem capacidade mínima exigida pelo edital. Ele não está apto, ele mesmo declarou que não sabe ler, então nesse posicionamento nós vamos excluir e tomar e tomar a decisão que o Ministério Público nos recomendou”, disse a procuradora da prefeitura, Edjane Monteiro.

De acordo com o Ministério Público, o agricultor José Cavalcanti não cometeu nenhum crime.



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