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27/04/2010 00:00:00

União dos Palmares


União dos Palmares

com coisasdemaceio // Fonte o globo

Ao contrário da crença popular, a terra da liberdade não fica nos Estados Unidos, mas em Alagoas. Pelo menos é o que sustentam os moradores de União dos Palmares, a cerca de 80 quilômetros de Maceió.

É ali que está a Serra da Barriga, onde ficava o Quilombo de Palmares. O ícone da resistência negra contra a escravidão, que foi destruído a tiros de canhão em 1694 por um exército comandado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, mais de cem anos depois de sua fundação, hoje abriga o Parque Memorial Quilombo de Palmares, criado em 1997 em comemoração ao título de Herói Nacional concedido a Zumbi, que reinava no quilombo quando ele foi destruído.

Parque Memoria do Quilombo de Palmares: réplicas do antigo refúgio de escravos na Serra da Barriga/ Foto: Ana Branco

O parque reconstitui as construções do quilombo, entre elas a casa do chefe, onde Ganga Zumba – considerado o primeiro chefe do quilombo – e Zumbi teriam morado. O passeio inclui a visita a Lagoa Encantada dos Negros, onde está a Gameleira Sagrada, uma árvore cuja semente teria sido trazida da África pelos escravos na época da fundação do quilombo. As rochas na beira da lagoa também têm algumas marcas atribuídas aos quilombolas.

O acesso ao parque, no entanto, pode ser um problema, uma vez que a estrada é muito íngreme e grande parte não foi asfaltada. Por isso, a prefeitura não aconselha a visita nos meses de inverno, quando chove mais na região. As operadores que fazem o passeio estão usando um transporte da prefeitura que leva os turistas do pé da serra até o parque. Mas apesar das dificuldades, de acordo com a secretária de Turismo da cidade, Isabel Gomes, só entre os dois primeiros meses desse ano, o parque teve mais de 1.500 visitantes.

- A gente recebe muitos professores e estrangeiros atraídos pela história de Zumbi de Palmares – conta, afirmando que a estrada deve ser asfalta ainda este ano.

No pé da serra, a visita continua no povoado de Muquém, onde vivem os remanescentes do quilombo, até hoje quase que isolados do resto da cidade, pois seus moradores dificilmente se casam com pessoas que não sejam de lá – um resquício do isolamento que durante muito tempo foi imposto a eles. São cerca de 500 pessoas, que vivem, principalmente, da pesca no Rio Mundaú, que banha a cidade, e de seu artesanato de barro. É assim que descendentes de Palmares como Marinalva Bezerra, de 68 anos, ganham a vida.

- Já ganhei duas medalhas pelo meu trabalho, viu? Não é só jogador que ganha prêmio. Hoje eu tenho 25 filhos e sete bisnetos, mas ninguém quer aprender a fazer o artesanato – lamenta Marinalva, lembrando que a tradição do artesanato em sua família começou com sua tataravó.

Outra artesã famosa da cidade é Irinéia Rosa dos Santos. Ao invés de panelas e bandejas, Irinéia é famosa pelas suas cabeças e bonecos de barro. Ela enfeita a parede de seu ateliê com diplomas de curso de artesanato, prêmios, fotos com personalidades famosas e seu título de mestre artesã pelo Sebrae. Em 2004, seu trabalho foi selecionado entre os mais representativos do Brasil pelo Prêmio Unesco de Artesanato. Hoje é até difícil encontrar a artesã no povoado, já que ela está sempre sendo convidada para expor sua arte em feiras.



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