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A Maternidade Santa Mônica vive mais uma das suas sucessivas e incontáveis crises. Desde o dia 20 de abril, dez recém-nascidos chegaram a óbito na unidade, sete delas, provavelmente, por infecção hospitalar.
Eu conversei com profissionais que trabalham na Santa Mônica e com a diretora médica do hospital, Sirlene Patriota. Todos confirmam a gravidade da situação. Em relação às mortes de recém-nascidos, a diretora disse que só no último domingo, três tiveram como causa a infecção hospitalar, mas que precisava checar os outros casos.
Há problemas e problemas na Santa Mônica. O principal deles, hoje, é a falta de profissionais para trabalhar na única maternidade do Estado que atende os casos de gravidez de alto risco. Segundo a médica Sirlene Patriota, há 28 vagas para neonatologistas, mas não há profissionais disponíveis em Alagoas que aceitem a contratação, mesmo que provisória – seja pela o nível estressante do trabalho, seja pela baixa remuneração.
Mas não é só isso: falta, hoje, material básico de consumo na maternidade. Coisas simples como, por exemplo, fraldas, soro, sacos de lixo, sabão – ou seja, o mínimo necessário para que o atendimento às parturientes e aos recém-nascidos tenham algum padrão de qualidade aceitável.
Segundo uma das médicas que trabalham na UTI neonatal – que tem dezoito leitos –, a situação já é do conhecimento dos dirigentes da própria maternidade, da Reitoria da Uncisal, da Secretaria de Saúde e até do Ministério Público. Mas as providências, mais uma vez, ainda não foram adotadas.
A questão da contratação de profissionais é mais difícil de ser resolvida. Como consequência, contou a mencionada médica, no plantão da Unidade de Terapia Intensiva há apenas um profissional para atender a dezoito bebês. E a carência não é só de médicos – atinge também outras profissões.
A própria diretora médica afirmou que a falta de material básico de consumo, por sua vez, só faz agravar um quadro que já é desesperador.
Sem contar o fato de que a Santa Mônica recebe pacientes de todo o estado e que chegam à maternidade já em situação próxima do óbito. Encontrando um hospital sem médicos em número suficiente e sem material básico de consumo, as consequências são bastante previsíveis.
Há de se ressaltar o trabalho quase que de militante dos profissionais que se mantém no serviço. Não se sabe por quanto tempo ainda.