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19/02/2022 04:00:00

ONU adverte para o risco do aumento dos resíduos hospitalares


ONU adverte para o risco do aumento dos resíduos hospitalares

Os profissionais da área da saúde integram os grupos que mais foram afetados pela pandemia. Hospitais e clínicas tiveram de se adaptar ao crescente número de pacientes e, para tanto, precisaram alterar normas e rotinas – inevitavelmente surgiram problemas de abastecimento de materiais e de medicamentos. Mais: tiveram de lidar com a falta de pessoal, uma vez que muitos funcionários se viram contaminados pelo vírus. Aqueles que conseguiram escapar com vida da infecção foram obrigados a cumprir o período de quarentena desfalcando a equipe. Atenta a todas essas questões, a OMS acaba de divulgar mais um aspecto alarmante da pandemia: houve um crescimento substancial de resíduos de serviços de saúde, o denominado lixo hospitalar. Os números que o relatório fornece são espantosos: ao descarte de materiais tradicionais utilizados pela medicina, foram acrescentados 140 milhões de kits de testes usados, com potencial para gerar 2,6 mil toneladas de resíduos não infecciosos; 731 mil litros de sobras químicas, algo equivalente a um terço de uma piscina olímpica; oito bilhões de seringas de vacinação.

3 - LOGÍSTICA Ainda dentro da instituição de saúde, o funcionário transporta os restos: saída controlada© Toni Pires 3 - LOGÍSTICA Ainda dentro da instituição de saúde, o funcionário transporta os restos: saída controlada

É inegável que o trabalho da OMS, em meio à pandemia, tem sido árduo e o relatório e mais um serviço prestado a todas as nações. Além dos números sobre o lixo hospitalar, ele traz informações preocupantes sobre a sustentabilidade e os riscos de contaminação de pessoas e do meio ambiente. O documento deve ser observado com atenção, pois cada região tem sua dinâmica própria e cada hospital lida com o acréscimo de objetos de descarte de acordo com suas particularidades. Em São Paulo, há exemplos de instituições de saúde que tratam adequadamente os resíduos. Uma delas é o hospital Santa Clara, na zona Leste da capital paulista. “Aqui os resíduos são coletados, pesados e identificados por setor: Pronto Socorro adulto e infantil, Unidades de Terapia Intensiva e Centro Cirúrgico”, explica a diretora e médica ginecologista Angela Bossetto. Ela reafirma que a quantidade de sobras subiu na pandemia, porque mais pacientes tiveram de ser hospitalizados e mantidos em isolamento. “Com a segunda onda da Covid, entre fevereiro e junho do ano passado, tivemos um aumento de 35% de resíduos”, diz Angela. E o que foi feito para acomodar essa situação? Ela diz que o Santa Clara expandiu os protocolos que já eram realizados, fortalecendo a segurança de funcionários e pacientes. As instituições de saúde especializadas em tratamentos médicos específicos também estão preparadas para qualquer eventualidade do tipo. No hospital Pérola Byington, especializado no cuidado feminino, desde a entrada até a finalização, os resíduos têm um tratamento especial. “A logística da instituição é bem definida e prima por categorizar os materiais com responsabilidade social”, afirma Alex Neves Perez, diretor técnico de saúde. “Contamos com duas vias de saída diferentes aqui”, explica.

“Com a segunda onda do coronavírus, em 2021, subiu em 35% a quantidade de material usado e descartado por nós” Angela Bossetto, ginecologista e diretora do hospital Santa Clara, em São Paulo

4 - FINALIZAÇÃO Há diversas companhias responsáveis pela retirada do material: cada uma cuida de um tipo de lixo© Toni Pires 4 - FINALIZAÇÃO Há diversas companhias responsáveis pela retirada do material: cada uma cuida de um tipo de lixo

O Estado de São Paulo está bem equipado e conta com um sistema que conseguiu anular os riscos à saúde advindos do aumento do lixo hospitalar. A agência ambiental paulista, a Cetesb, é responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de tal sistema. “Os hospitais e empresas coletoras são licenciados”, afirma o assistente executivo da presidência do órgão, Antonio Falco. Ele explica que São Paulo tem capacidade para suportar a adição de até 25% na quantidade de restos de serviço de saúde. Ainda segundo ele, no momento está se trabalhando abaixo da capacidade máxima ­— ou seja, não há impacto ambiental relacionado à sobra de materiais da pandemia. Para contribuir com a conscientização da população, a Cetesb criou uma plataforma chamada Portas Abertas que é dedicada a esclarecer dúvidas sobre como se desfazer de máscaras. No Brasil, o coronavírus teve fortíssimo impacto e o número de mortos é altíssimo ­— mais de seiscentas e quarenta mil vidas foram ceifadas pela pandemia. Nunca é demais frisar que muitas mortes teriam sido evitadas se o governo federal não tivesse estupidamente adotado um posicionamento negacionista.

istoé



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