No século 21, a Ucrânia ganhou destaque em algumas modalidades esportivas, como futebol e tênis.
Pouco depois, em julho de 2019, seu partido, Servo do Povo, venceu as eleições parlamentares, o que deu a Zelensky também o controle do Legislativo. Durante a crise com a Rússia no final de 2021, ele visitou tropas ucranianas postadas próximas à fronteira, diante do risco de uma invasão de forças russas.
MÍDIA
A mídia ucraniana adotou de forma unificada uma pauta patriótica, depois da anexação da Crimeia pela Rússia e o início do conflito armados nas províncias separatistas do leste.
A Ucrânia proibiu a transmissão da programação dos principais canais de TV da Rússia. Em troca, as áreas sob controle da Rússia ou de separatistas proibiram a transmissão por redes pró-Kiev. As autoridades do país também bloquearam o acesso na internet a alguns populares sites russos e redes sociais da Rússia.
A TV domina o cenário de mídia, com o setor liderado pelas principais redes privadas. Muitos jornais publicam edições tanto em ucraniano como em russo.
No final do século 19 e início do século 20, o Brasil recebeu milhares de imigrantes ucranianos. A comunidade de descendentes está hoje concentrada no Estado do Paraná, onde vivem cerca de 80% dos brasileiros de ascendência ucraniana, que totalizam cerca de 600 mil pessoas. Na Ucrânia, segundo o Itamaraty, vivem cerca de 300 brasileiros.
O Brasil reconheceu a independência da Ucrânia logo depois de sua declaração, ainda em dezembro de 1991. As relações diplomáticas foram oficializadas em fevereiro de 1992, com a embaixada ucraniana sendo aberta em Brasília no ano seguinte, e a brasileira instalada em Kiev em 1995.
Os presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva realizaram visitas oficiais à Ucrânia, em 2002 e 2009, respectivamente, e o Brasil recebeu três visitas de chefes de Estado ucranianos, em 1995, 2003 e 2011.
Um projeto espacial conjunto dos dois países foi lançado em 2003, prevendo a utilização do Centro de Lançamentos de Alcântara, no Maranhão, pelo foguete ucraniano Cyclone-4 para o lançamento de satélites.
Segundo o Itamaraty, a crise e consequentes conflitos iniciados em 2013 reduziu significativamente o comércio entre os dois países e afetou o acordo espacial. O Brasil acabou decidindo retirar-se do projeto, que foi extinto em 2019.
As exportações brasileiras, que em 2012 haviam atingido US$ 624 milhões, perderam fôlego até somarem US$ 111 milhões em 2019. O fluxo comercial total caiu de mais de US$ 1 bilhão antes dos conflitos para pouco mais de US$ 200 milhões em 2019, com o Brasil mantendo sempre um superávit.
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Em dezembro de 2020, em evento em Kiev, representantes dos governos brasileiro e ucraniano assinaram um memorando de entendimento para o comércio no setor de Defesa.
Em janeiro de 2022, o Itamaraty divulgou uma nota sobre as tensões entre Rússia e Ucrânia, dizendo que o Brasil apoiava "uma solução mutuamente satisfatória" e que uma solução para crise só viria "por meios pacíficos", com a implementação dos chamados Acordos de Minsk para a região leste da Ucrânia.
LINHA DO TEMPO
Algumas datas importantes da história da Ucrânia :
Século 9 - A fundação do Kievan Rus, primeiro grande Estado eslavo oriental, dá início a um período histórico para a região, em que Kiev ganharia projeção internacional. O relato tradicional, motivo de debate entre historiadores, atribui a criação de Kievan Rus ao semilendário Oleg, um líder viking (ou varangianos, como são chamados os vikings que seguiram para o oriente) soberano de Novgorod. Oleg tomou a cidade de Kiev, na atual Ucrânia, que se tornou a capital de Kievan Rus devido a sua localização estratégica no rio Dnieper.
Século 10 - A dinastia Rurik é estabelecida, e o governo do príncipe Vladimir, o Grande (príncipe Volodymyr, em ucraniano), marca o começo de uma era de ouro. Em 988 Vladimir abraça o cristianismo ortodoxo e inicia a conversão de Kievan Rus ao rito bizantino, dessa forma definindo o curso do cristianismo no Oriente.
Século 11 - Kievan Rus atinge seu auge sob Yaroslav, o Sábio (grande príncipe de 1019 a 1054), com Kiev tornando-se o principal centro político e cultural do Leste Europeu.
1237-40 - Os mongóis invadem os principados de Rus, destruindo várias cidades e encerrando o poder de Kiev. Os tatars (como ficaram conhecidos os invasores mongóis) estabelecem o império da Horda Dourada no sul da Rússia, e o khan (líder) da Horda Dourada torna-se o líder supremo dos príncipes russos.
1349-1430 - A Polônia e, mais tarde, a Comunidade Polonesa-Lituana gradualmente anexam a maior parte do que é hoje o oeste e o norte da Ucrânia.
1441 - O canato da Crimeia retira-se da Horda Dourada e conquista a maioria do sul da Ucrânia.
1596 - A Polônia estabelece a Igreja Grego-Católica Ucraniana, em união com Roma, que se torna predominante no oeste da Ucrânia. O restante da Ucrânia mantém-se cristão ortodoxo.
1648-1657 - Levante cossaco contra a autoridade polonesa estabelece o Hetmanato, considerado na Ucrânia a base para o moderno Estado independente.
1654 - O Tratado de Pereyaslavl dá início ao processo de transformação do Hetmanato em um Estado vassalo da Rússia.
1686 - Tratado da Paz Eterna entre Rússia e Polônia põe fim a 37 anos de guerra com o Império Otomano no que é hoje a Ucrânia e divide o Hetmanato.
1772-1795 - A maior parte do oeste da Ucrânia é absorvida pelo Império Russo por meio das divisões da Polônia.
1783 - A Rússia domina o sul da Ucrânia por meio da anexação do canato da Crimeia.
Século 19 - Um renascimento cultural nacional leva ao desenvolvimento da literatura ucraniana, além de educação e pesquisa histórica. A região conhecida como Galícia, adquirida durante a partilha da Polônia, torna-se um centro de atividade política e cultural ucraniana, pois a Rússia proíbe o uso da língua ucraniana em seu território.
1917 - Um conselho central Rada (Rada significa Parlamento) é estabelecido em Kiev após o colapso do Império Russo.
1918 - A Ucrânia declara sua independência. A declaração é seguida de uma guerra civil, em que vários governos rivais disputam o controle de parte ou todo o território ucraniano.
1921 - A República Socialista Soviética da Ucrânia é estabelecida quando o Exército Vermelho russo conquista dois terços da Ucrânia. O restante terço torna-se parte da Polônia.
1932 - Milhões morrem numa crise de fome provocada pela campanha de coletivização de Josef Stalin, conhecida na Ucrânia por Holodomor.
1939 - O lado ocidental da Ucrânia é anexado pela União Soviética como parte do pacto de não-agressão entre Moscou e a Alemanha Nazista.
1941 - A Ucrânia sofre uma terrível devastação na Segunda Guerra Mundial durante a ocupação nazista do país, que dura até 1944. Mais de 5 milhões de ucranianos morrem lutando contra a Alemanha. A maior parte dos 1,5 milhão de judeus da Ucrânia são mortos pelos nazistas.
1954 - Numa decisão surpreendente, o então líder soviético, Nikita Khrushchev, transfere a Península da Crimeia, que até então era parte da Rússia, para a Ucrânia. Uma resistência armada contra o domínio soviético termina, com a captura do último comandante do Exército Insurgente Ucraniano.
1986 - Um reator da usina nuclear de Chernobyl explode, enviando fumaça radioativa para a Europa. Esforços desesperados são feitos para conter o danificado reator sob uma cobertura de concreto.
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1991 - A Ucrânia declara sua independência depois que um fracassado golpe contra o presidente soviético Mikhail Gorbachev levou ao fim da URSS.
1994 - Na eleição presidencial, Leonid Kuchma sucede Leonid Kravchuk e conduz uma política de abertura controlada ao Ocidente, mantendo uma aliança com a Rússia.
1996 - Nova Constituição, democrática, é adotada, e o hryvnia é adotado como nova moeda.
2000 - A usina nuclear de Chernobyl é fechada, 14 anos depois do acidente. Estimativas apontam que, ao longo dos anos, mais de 10 mil pessoas possam ter morrido na Europa em consequência do vazamento de radiação, que também afetou a saúde de milhões de pessoas.
2002 - Em maio, o governo anuncia sua decisão de solicitar formalmente sua filiação à Otan, a aliança militar ocidental.
Revolução Laranja e crises
2004 - Em novembro, o líder da oposição, Viktor Yushchenko, convoca protestos em massa contra os resultados da eleição presidencial, sob suspeita de fraude e que dava a vitória ao candidato pró-Rússia Viktor Yanukovych. A Suprema Corte anula o resultado. Em dezembro, Yushchenko torna-se presidente depois de vencer o novo pleito. As relações com a Rússia deterioram, levando a frequentes disputas sobre suprimento de gás e taxas sobre uso de gasodutos.
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2008 - Em outubro, a crise financeira internacional leva a uma queda da demanda global por aço, um dos principais produtos de exportação da Ucrânia, causando um colapso dos preços. O valor da moeda ucraniana despenca, e investidores estrangeiros deixam o país.
2010 - Em fevereiro, Viktor Yanukovych é declarado vencedor do segundo turno da eleição presidencial. Em junho, o Parlamento aprova uma lei, enviada por Yanukovych, que encerra as ambições do país de fazer parte da Otan.
2013 - Após o governo abandonar os planos de assinar um acordo de associação com a União Europeia, em novembro dezenas de milhares de pessoas tomam as ruas em protesto. Segundo os manifestantes, o governo cedeu a pressões da Rússia.
2014 - Em fevereiro, as forças de segurança matam pelo menos 77 manifestantes em Kiev. O presidente Yanukovych é afastado pelo Parlamento e foge para a Rússia. A oposição assume o poder.
2014 - Em março, forças russas invadem e anexam a Crimeia, iniciando a maior crise entre Oriente e Ocidente desde o fim da Guerra Fria. O presidente russo, Vladimir Putin, diz que a anexação é justificada pela ligação histórica da região com a Rússia. EUA e União Europeia impõem duras sanções contra Moscou. Em abril, grupos armados pró-Rússia tomam partes das províncias de Donetsk e Luhansk, que formam a região de Donbas, no leste da Ucrânia. Kiev lança operação militar em resposta à insurgência.
2014 - Em julho, forças pró-Rússia derrubam um avião de passageiros da Malásia que voava sobre uma zona de conflito no leste da Ucrânia, matando todas as 298 pessoas a bordo.
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País dividido
2015 - Com a Ucrânia dividida, Alemanha e França costuram um acordo de cessar-fogo para a região de Donbas, em negociações realizadas em Belarus.
2016 - A economia ucraniana retorna a um período de frágil crescimento, após dois anos de turbulência.
2017 - Em julho, um acordo de associação entre a Ucrânia e a União Europeia é ratificado. Entra em vigor em 1º de setembro.
2018 - O Patriarca Ecumênico de Constantinopla concorda em permitir que a Ucrânia estabeleça sua própria Igreja Ortodoxa, independente de supervisão eclesiástica russa.
2019 - O humorista de televisão Volodymyr Zelensky vence o segundo turno da eleição presidencial contra o incumbente, Petro Poroshenko. Ele assume o cargo em maio, e dois meses depois seu partido, Servo do Povo, vence as eleições parlamentares. Em setembro, Rússia e Ucrânia trocam prisioneiros capturados na tomada da Crimeia por Moscou e no conflito em Donbas.
2019 - Em outubro, a Ucrânia é envolvida no debate americano em torno do impeachment do presidente Donald Trump, acusado de pressionar Kiev para que investigasse o futuro candidato democrata à Casa Branca Joe Biden.
2021 - Crise entre Kiev e Moscou agrava-se, e a Rússia coloca um grande contingente militar na fronteira com a Ucrânia. Governos ocidentais alertam para a possibilidade de invasão pela Rússia, o que Moscou nega.
2022 - Com tropas russas e ucranianas postadas próximo à fronteira dos dois países, governos ocidentais demonstram apoio a Kiev e ameaçam Moscou de forte retaliação caso uma invasão ocorra.
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