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Justiça
05/02/2022 08:00:00

Justiça Eleitoral estuda suspender Telegram no Brasil por não atender à legislação

Para André Ramos Tavares, o fato de o Telegram expressamente informar que não tem nenhum tipo de interesse em atender às regras deve levantar um grande alerta para todos nós


Justiça Eleitoral estuda suspender Telegram no Brasil por não atender à legislação

Devido aos disparos de mensagens em massa e à disseminação de notícias falsas, a Justiça Eleitoral brasileira estuda suspender o funcionamento do aplicativo russo de mensagens Telegram em território nacional. As possíveis alegações levantadas são referentes à falta de representantes legais da plataforma digital no Brasil e a não conformidade às determinações judiciais brasileiras, normas e obrigações de campanhas eleitorais, por exemplo.

André Ramos Tavares – Foto: Faculdade de Direito da USP

“O fato de o Telegram expressamente informar que não tem nenhum tipo de interesse em atender às regras deve levantar um grande alerta para todos nós enquanto sociedade”, explica André Ramos Tavares, professor da Faculdade de Direito (FD) da USP, que também já foi diretor da Escola Judiciária Eleitoral Nacional do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição. Ele lembra que o órgão também movimenta parcerias de combate à desinformação com outras plataformas digitais, como WhatsApp e Google, que se comprometem e entendem o papel e influência delas na sociedade digital atual e na democracia.

“A gente precisa entender que estamos falando de uma democracia”, comenta Tavares, ao lembrar que o banimento do aplicativo é a última opção e até esse ultimato os autores das plataformas privadas e autoridades eleitorais brasileiras podem chegar a algum acordo. “Acaba sendo uma escolha da plataforma em si que continua insistindo em seu modelo”, complementa.

Para Tavares, a suspensão pode ser uma via paliativa, visto que as regras privadas e ideologias da plataforma se sobrepõem às normas de interesse público. “Seria absolutamente equivocado se a Justiça Eleitoral deixasse as coisas como estão com um aplicativo de utilidade pública, de penetração na sociedade e afrontoso às legislações brasileiras”, destaca.

Restrição da liberdade de expressão?

Para Tavares, não há relação entre moderação de tráfego de informações e liberdade de expressão. “No caso, todos nós estamos preocupados com as informações sabidamente falsas”, esclarece. Ele explica que o objetivo principal é combater a desinformação e a disseminação em massa de conteúdos política e partidariamente enviesados para que não haja desiquilíbrio nas eleições democráticas no Brasil.

Jornal da USP no Ar Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica, a Faculdade de Medicina e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 10h45, 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

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