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Saúde
13/12/2021 11:00:00

Maceió registra aumento de 266% nos casos de dengue, alerta SMS


Maceió registra aumento de 266% nos casos de dengue, alerta SMS

Entre os meses de janeiro e novembro deste ano, a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió confirmou 3.126 casos de dengue, o que representa um acréscimo de 266% em relação ao mesmo período do ano passado. 

Já para a chikungunya, a capital registrou 120 casos, representando um aumento de 77%, comparado ao ano passado. A zika teve mais 24 registros, 37,2% casos a mais que em 2020.

De acordo com o Ministério da Saúde, Alagoas está entre os estados que apresentaram taxas de sorologia positiva para dengue maiores que a média do Brasil (34,5%), com 35,4%. Para o zika, o cenário epidemiológico também mostra que o estado está com a taxa de positividade por sorologia maior que o Brasil (24,3%), com 44,2%.

Quanto aos óbitos por dengue, foram confirmados quatro este ano em Alagoas e nenhum no ano passado.

Ao CadaMinuto, o infectologista Fernando Maia explicou que as três doenças são transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti. “O principal fator de risco para adquirir dengue, zika ou chikungunya é simplesmente se expor ao mosquito, que é a maneira de transmissão. Evitando o mosquito, a gente evita as três doenças”. 

Em relação à dengue, o médico alerta que existe o risco da forma grave, chamada de dengue hemorrágica. Há maior risco de desenvolver a forma mais grave da doença em pessoas que têm infecções repetidas por sorotipos diferentes, ou seja, quem tem dengue mais de uma vez tem mais chances de desenvolver forma grave.

Fernando Maia 

“Os casos de dengue triplicaram aqui no estado de Alagoas no último ano, então isso é preocupante. Todas as atenções estavam focadas na Covid, mas a gente não deixou de ter casos de dengue, chikungunya, zika, Aids, nenhuma outra doença. Elas simplesmente ficaram meio esquecidas por causa da pandemia, que tomou conta da vida de todos nós”, falou Maia.

O infectologista reforça, contudo, que é preciso dar continuidade aos cuidados e às campanhas educativas para evitar a proliferação do mosquito. Evitar acumular água parada em casa, em locais que podem ser foco de criadouro do mosquito: copos, garrafas, pneus, calhas de telhado, pequenos lugares que possam acumular água limpa da chuva, por exemplo. Esses são locais em que pode haver proliferação do Aedes aegypti.

Sintomas e tratamento

As três doenças apresentam sintomas diferentes. A dengue, além da febre alta, causa muita dor de cabeça, atrás dos olhos, principalmente, e dor muscular.

No caso da chikungunya, os sintomas são febre alta, dor de cabeça e dor articular, principalmente nas mãos e nos pés, mas qualquer articulação pode ser comprometida. O infectologista Fernando Maia ressalta que a dor na chikungunya é incapacitante, já que o infectado perde temporariamente a movimentação normal nesses segmentos afetados pela dor. 

Já o zika costuma dar febre baixa. “Em adultos ele não costuma fazer formas graves, costuma ser casos leves. O problema do zika é quando atinge uma gestante”, disse Maia, explicando que o zika congênito leva muitos problemas para a criança em formação, o que pode gerar vários tipos de complicação.

O tratamento das três doenças é basicamente sintomático, esclarece o médico. Apenas nos casos mais graves, tanto de dengue, quanto de chikungunya, é necessário internar o paciente para melhor observação e para fazer uma hidratação mais rigorosa, geralmente hidratação venosa, para que se possa restabelecer a saúde mais rápido. 

“Mas, basicamente, o tratamento é baseado em sintomáticos e hidratação”, disse.

Combate à dengue

A Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (SMS) enfatiza que nesse período de chuvas esparsas é preciso que a população evite o acúmulo de água parada em reservatórios que não tenham vedação ou tampa. Também é preciso se atentar para locais onde pode haver acúmulo de água que não pode ser tratada com limpeza ou descartada semanalmente, período suficiente para a proliferação do mosquito Aedes aegypti. 

“A secretaria solicita o engajamento de toda a população da capital quanto ao controle do mosquito, principal transmissor dessas doenças. Devemos inspecionar semanalmente nossas casas, nossos quintais, todos os nossos entornos, até mesmo as ruas, denunciando aqueles casos que fogem ao controle da população”, apela a gerente de Controle de Vetores e Animais Peçonhentos da Secretaria Municipal de Saúde, Carmem Samico. 

Carmen Samico  / Foto: Cortesia

Com o objetivo de reduzir os riscos de dengue, zika e chikungunya  na capital, a pasta realiza a ação “Maceió unida contra a dengue”, que pretende intensificar as visitas em pontos estratégicos, locais que haja maior incidência de criadouros do mosquito, como cemitérios, ferros velhos, acumulador de sucata, dentre outros.

“A SMS desenvolveu essa estratégia para tratamento, orientação, além de distribuição de material educativo nos locais, que são considerados considerados pontos de maior risco de transmissão dessas doenças e também de maior ocorrência desses três agravos”, ressaltou Carmem.

Também foi desenvolvida a ação de coleta de pneus, pois, em períodos chuvosos, é um possível criadouro para o Aedes Aegypti e pode fazer com que a proliferação do mesmo seja muito maior. Também é realizado o levantamento de índice de infestação predial, feito em todo o território de Maceió para detecção de focos do mosquito, que são combatidos com larvicida. 

"Posteriormente a esse levantamento, são realizadas atividades de controle nestas localidades, são ações mais intensificadas, bem como nas áreas em que constam mais casos de pessoas que adoeceram dessas três doenças”, concluiu a gerente de Controle de Vetores e Animais Peçonhentos. 

Casos

A estudante Thaís Letícia, de 23 anos, foi acometida pela dengue em julho deste ano. Ela explica que, a princípio, pensava estar infectada pela Covid-19, mas seus principais sintomas eram dores musculares e nos olhos, além de febre. “Era horrível, eu não conseguia andar direito ou piscar os olhos sem sentir dor. Quando eu comecei a ter febre, pensei que era melhor ir ao hospital, até porque a primeira coisa que eu pensei foi: é Covid-19”.

Por conta das fortes dores, no quarto dia com sintomas, Thaís procurou a emergência e foi medicada. A jovem também fez um exame PCR, para garantir que não era Covid-19. No exame de sangue foi identificada a presença do vírus da dengue, confirmado no sexto dia de sintomas.

O tratamento para a doença, no caso da estudante, que foi mais ameno, foi de apenas repouso e medicação. Após oito dias, os sintomas pararam e, meses depois, a jovem não apresentou sequelas da doença. 

A dengue mudou alguns comportamentos da estudante, que passou a tomar mais cuidados com focos do mosquito, para prevenir ela mesma, sua família e sociedade. “Antes eu não me importava muito com isso e no máximo usava um repelente, mas só quando eu viajava. Agora eu fico mais atenta, sempre que vejo água parada ou qualquer coisa que possa ser foco de dengue na minha casa eu jogo e dou uma conferida pra ver se não tem nenhuma larva”, frisa. 

Laura Morales, de 21 anos, também foi infectada pelo vírus da dengue em julho de 2021. Os primeiros sintomas foram febre alta, manchas no corpo e dores fortes na cabeça, olhos e por todo o corpo.  

A jovem realizou um teste rápido para a dengue, porém ele apresentou resultado negativo. Após um exame sanguíneo, que foi encaminhado para um clínico geral para a contagem de plaquetas, foi confirmado o caso da doença. Segundo ela, os sintomas duraram pouco mais de uma semana e a doença não deixou sequelas. 

Laura conta que toma os cuidados necessários para frear a proliferação da doença, mas que o bairro onde mora, Trapiche, tem muitos focos de mosquito.  “Meu bairro é acometido pela presença de muitos mosquitos, então, apesar dos cuidados, dificulta bastante a certeza da prevenção da doença”, alerta.

Precauções 

Carmem Samico adverte que, entre as recomendações para evitar essas arboviroses estão: evitar ao máximo o acúmulo de água em lajes, vasos de planta, até mesmo poças da rua nos arredores de algum imóvel, lavar com água e sabão tanque, manter caixas d’água fechadas, remover galhos de calhas. 

Também é necessário trocar semanalmente a água de plantas aquáticas, colocar frascos de vidro virados com a boca para baixo. O lixo deve estar sempre bem lacrado, e nos locais onde houver ar condicionado que acumule água, realizar a limpeza dos mesmos. 

“A SMS pede que a população não relaxe neste momento, não esqueça das atividades que devem ser executadas dentro de seus domicílios, para manter um ambiente limpo e livre do mosquito Aedes aegypti, transmissor desses agravos. Além do engajamento de toda a população, para que juntos possamos eliminar o maior número de criadouros e, assim, evitar a transmissão das arboviroses em Maceió. 

Para evitar a proliferação da dengue, a população também pode ajudar, fazendo denúncias de possíveis focos do mosquito Aedes aegypti, através do número do disk denúncia da SMS: 3312-5495. 

Cada Minuto



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