De acordo com o Center of Diseases Control and Prevention (CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, uma em cada 100 crianças tem o Transtorno do Espectro Autista (TEA), mostrando incremento significativo ao longo do tempo. Há alguns anos, ocorria um caso para cada 500 crianças. A estimativa é que, em todo o mundo, 70 milhões de pessoas tenham TEA, sendo 2 milhões no Brasil.
O Dia da Criança Especial, comemorado hoje (9), objetiva refletir sobre a importância da inclusão e garantia de direitos das crianças que possuem algum tipo de necessidade especial, a fim de melhorar sua qualidade de vida e ajudar no seu desenvolvimento, mesmo com todas as limitações.
A médica Danielle H. Admoni, psiquiatra da Infância e Adolescência na Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), disse à Agência Brasil que o diagnóstico começa pela observação do comportamento da criança. O TEA envolve um grupo de doenças do neurodesenvolvimento, de início precoce (antes dos 2 ou 3 anos de idade), e que se caracteriza por dois aspectos principais, que são a dificuldade de interação social e a dificuldade de comunicação. Uma criança neurotípica, ao contrário, que não possui problemas de desenvolvimento neurológico, começa a interagir com outras pessoas em torno dos 4 a 6 meses de idade, explicou.
Além do acompanhamento por uma equipe multidisciplinar, Danielle Admoni considerou ser fundamental também a inclusão na vida das crianças com TEA. “O que a gente sempre espera para as crianças com TEA é a inclusão. As principais questões da criança com TEA são a fala, ou seja, a linguagem, e a socialização”.
Daí a importância de crianças com esse transtorno serem matriculadas na escola e, preferencialmente, nas classes comuns. “O que a gente sempre espera com a escola é justamente desenvolver essas duas coisas. Quanto mais a criança conseguir se comunicar com outras crianças, melhor vai ser a linguagem dela, a fala dela, e melhor sua socialização. Porque a gente aprende por cópia. Por exemplo, se você sorri para o bebê e ele não tem TEA, ele sorri de volta para você. E assim a criança vai crescendo, copiando o comportamento dos pais e se tornando um ser sociável”.
A criança com TEA não tem essa capacidade de copiar. Mas o fato de ela conviver e estar com outras pessoas, saber quais são as regras sociais, o que pode e não pode fazer, é fundamental. “Por isso, a gente insiste tanto que a criança com TEA tem que participar da escola, normalmente”. A psiquiatra destacou que, antes, havia classes e escolas especiais para crianças com necessidades especiais. “O que a gente quer é o contrário. É que a criança esteja realmente inserida na sociedade, que os indivíduos aprendam a conviver com as pessoas com TEA e estas a conviverem com as pessoas neurotípicas”.
Agência Brasil (Fonte)
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