O ensaio clínico de fase 3 com a vacina Coronavac está evoluindo rapidamente no Brasil, sem qualquer intercorrência registrada até o momento, afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, 9 de setembro, no Palácio dos Bandeirantes. A expectativa é que até o fim de setembro todos os 8.870 voluntários já tenham recebido as duas doses do imunizante desenvolvido pela empresa chinesa Sinovac Biotech e que a análise da eficácia tenha início em meados de outubro.
“Havendo comprovação da eficácia, a vacina poderá ser registrada pela Anvisa e, em seguida, disponibilizada ao Ministério da Saúde. Em dezembro, o Butantan terá 46 milhões de doses disponíveis para o Ministério da Saúde dar início ao programa de imunização. Entendo que esta é uma perspectiva realista”, disse Covas.
Até o momento, mais de 4 mil voluntários brasileiros já receberam a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Uma parte deles também já recebeu a segunda aplicação. “Na etapa atual, além da inclusão dos voluntários, fazemos o seguimento de segurança e o monitoramento dos casos de covid-19 entre os participantes. Caso algum deles apresente qualquer sintoma respiratório é feito o teste de RT-PCR [capaz de detectar o material genético do vírus em amostra biológica] para confirmar se contraiu ou não a doença. Mas ainda não temos resultados preliminares sobre a eficácia”, disse à Agência Fapesp o médico Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador do estudo clínico no Brasil.
Como explicou Kallás, a eficácia da vacina será medida por sua capacidade de prevenir casos de covid-19 entre a população vacinada e não pela análise da resposta imune induzida. Segundo o pesquisador, o ensaio clínico de fase 3 não tem como objetivo primário avaliar o quanto a formulação é capaz de induzir a produção de anticorpos.