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Alagoas
16/11/2018 08:35:00

A miséria cresce no Brasil, e Alagoas?


A miséria cresce no Brasil, e Alagoas?
Ilustração

Cada Minuto

Matéria publicada no jornal O Valor na data de 10 de novembro passou despercebida pela imprensa e pelos formadores de opinião em Alagoas. Sob o título “A extrema pobreza avança e é recorde em 9 estados” a matéria (ver aqui) demonstra a regressão no quadro de diminuição das desigualdades sociais no país, especialmente na região Nordeste.

No Brasil, a proporção de famílias vivendo abaixo da linha de pobreza cresceu 50%, saindo de 3,2% da população para 4,8%. Isso significa cerca de 2,5 milhões de famílias no país, aproximadamente 10 milhões de pessoas que vivem com menos de R$ 85 per capita/mês, indicador econômico da linha de pobreza e extrema pobreza adotado pelo Plano Brasil sem Miséria, levado em conta pela consultoria Tendências, realizadora do levantamento. (ver Plano Brasil sem Miséria aqui)

O Maranhão continua sendo o estado da federação com a maior proporção de famílias em condições de extrema pobreza, 12,2%. Em termos absolutos e significa, aproximadamente, 215 mil famílias vivendo com menos de R$ 85 per capita/mês, ou 860 mil pessoas vivendo em condições deploráveis, sem dignidade.

Nos estados do Piauí, Bahia e Sergipe o crescimento da extrema pobreza entre 2014 e 2017 superou o percentual nacional, 76%, 104,2% e 117,1%, respectivamente. Essa evolução tem relação direta com o crescimento do desemprego e perda de postos de trabalho. Sergipe e Bahia estão entre os cinco estados brasileiros com maiores taxas de desemprego, 17,5% e 16,2% de pessoas desocupadas em relação total da população em condições de trabalhar. (ver dados do IBGE aqui)

Dois estados na região chamam atenção. Na Paraíba o percentual das famílias em extrema pobreza recuou 10,9%, em Alagoas o crescimento foi de 11,9%, o terceiro menor resultado nacional, ficando somente atrás do Tocantins, que diminuiu 20,9% e da Paraíba, como apontado.

Apesar da taxa de desemprego em Alagoas ser uma das mais elevadas do país, 17,1%, muito associada a dinâmica da atividade sucroalcooleira e suas características sazonais, o crescimento da proporção das famílias em extrema pobreza foi muito menor que o esperado. Entre 2014 e 2017, a evolução foi 12%, três vezes menos que no Rio Grande do Norte, segundo lugar na região, e cinco vezes abaixo da média nacional. Considerando a população alagoana em 2014, tínhamos 68.500 famílias em situação de extrema pobreza. Em 2017 passamos para 77.700 famílias, levando em conta a estimativa populacional do IBGE para esse ano. Em termos absolutos, saímos de 275 mil pessoas aproximadamente vivendo em condições de extrema pobreza para 311 mil alagoanos.

As políticas sociais do governo federal e a dependência dos recursos da União são importantes para atenuar as desigualdades econômicas em Alagoas. O recuo nessas políticas e o baixo crescimento econômico nacional, atingem diretamente os estados nordestinos, especialmente aqueles que não contam com uma estrutura produtiva mais diversificada e um setor agropecuário pujante.

Em alagoas o emprego e a geração de renda são promovidos basicamente pelas atividades de comércio, serviços e administração pública. A formação de postos de trabalho na indústria depende muito da atividade sucroalcooleira (seis meses do ano apenas) e nos momentos que a construção civil é acionada com mais intensidade, principalmente com a ampliação do crédito imobiliário e os programas de habitação e infraestrutura, quase sempre governamentais.  Entretanto, surpreende que Alagoas tenha alcançado um resultado abaixo da grande maioria dos demais estados brasileiros. Isso é muito positivo, mesmo considerando que ainda estamos entre os cinco estados com maiores taxas proporcionais de famílias vivendo em extrema pobreza.

Talvez a recuperação das contas públicas e a retomada dos investimentos governamentais, especialmente em infraestruturas de transporte e mobilidade urbana, saúde, educação e recursos hídricos, tenham contribuído para que Alagoas não apresentasse um resultado muito pior. Entretanto, isso é uma questão que ainda merece mais estudos, exploração de hipóteses e correlação de muitas outras variáveis, até para também compreender o que aconteceu na Paraíba e Tocantins.

 

 

 



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