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01/12/2025 11:00:00

Impacto dos Fatores Ambientais na Saúde Cardíaca: Como o Ambiente Pode Influenciar seu Coração

Especialistas destacam a relação entre condições externas e doenças cardíacas, com dicas para proteção

Impacto dos Fatores Ambientais na Saúde Cardíaca: Como o Ambiente Pode Influenciar seu Coração

A relação entre o meio ambiente e a saúde do coração tem ganhado cada vez mais atenção, especialmente diante de fatores como poluição sonora e atmosférica, mudanças climáticas extremas, estresse constante e a presença de agentes contaminantes no dia a dia das grandes cidades.

No contexto urbano, cinco elementos ambientais se destacam por elevarem o risco de doenças cardiovasculares. Do ponto de vista biológico, esses fatores criam condições desfavoráveis para o funcionamento do sistema cardiovascular, podendo, a longo prazo, aumentar as chances de sofrer infarto ou AVC.

Segundo o cardiologista e especialista em arritmias Nilton Carneiro, do Centro de Cardiologia do Hospital Santa Catarina – Paulista, a exposição contínua a esses agentes externos causa efeitos relevantes que devem ser monitorados por profissionais, inclusive de forma preventiva, antes que apareçam sinais de enfermidades associadas.

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam que fatores ambientais e o estilo de vida têm impacto maior do que a predisposição genética no desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Apenas de 20% a 30% dessas condições são atribuídas a riscos que não podem ser modificados. Ou seja, aproximadamente 70% das causas derivam de fatores externos, o que ressalta a importância de ações comportamentais e ambientais na prevenção.

Poluição do ar

O índice de qualidade do ar em São Paulo, classificado como moderado pelos órgãos de monitoramento, já é suficiente para elevar as probabilidades de problemas cardíacos. Um dos principais responsáveis por esse quadro é o material particulado fino (PM2.5), detectado em níveis superiores aos limites recomendados pela OMS nas medições recentes.

De acordo com o Dr. Nilton Carneiro, esse tipo de poeira consegue alcançar os pulmões e atingir o fluxo sanguíneo, provocando inflamações e estresse oxidativo, processos que aceleram o envelhecimento celular e aumentam o risco de doenças.

Essas alterações afetam os vasos sanguíneos, tornando o sangue mais propenso à formação de coágulos, o que pode levar a infartos, AVCs ou arritmias mesmo em pessoas sem histórico cardiovascular.

Ruído e Estresse

A rotina diária de muitos brasileiros contribui para uma reação em cadeia que prejudica o coração: a poluição sonora eleva os hormônios do estresse, como cortisol, aumentando a pressão arterial e dificultando o relaxamento muscular.

A ausência de contato com ambientes verdes e a prática reduzida de exercícios físicos agravam essa situação, dificultando o alívio do estresse e a proteção do coração. “A exposição constante ao ruído faz com que o organismo ative seu sistema de alerta, mantendo-se em estado de tensão por mais tempo devido à irregularidade na produção de cortisol e adrenalina.

Isso pode causar hipertensão, alterações no fluxo sanguíneo, inflamação e estresse oxidativo, elevando a probabilidade de infarto e AVC. Assim, é fundamental a implementação de políticas públicas que minimizem o ruído urbano e de tráfego”, comenta o especialista.

Clima Extremo e Seus Efeitos

Mudanças bruscas de temperatura também representam uma ameaça ao coração. Ondas de calor, por exemplo, provocam estresse térmico e podem gerar desidratação, aumento da viscosidade sanguínea e sobrecarga cardíaca, fatores que elevam os riscos de infarto, arritmias e AVC.

Pessoas idosas, portadoras de insuficiência cardíaca, hipertensos ou que fazem uso de medicamentos como diuréticos, encontram maior vulnerabilidade nesse contexto.

Contaminantes Químicos

Exposição a metais pesados, como chumbo e arsênio, além de poluentes industriais, têm sido associados a danos no sistema cardiovascular. Entre as consequências estão a aceleração do processo de aterosclerose, que resulta no entupimento das artérias.

Mesmo com doses baixas, o contato contínuo e a acumulação dessas substâncias no organismo geram riscos elevados, incluindo hipertensão, maior propensão a arritmias e insuficiência cardíaca. Para minimizar esses efeitos, o especialista recomenda algumas ações de proteção: - Reduzir a exposição à poluição: evitar exercícios físicos em áreas de grande tráfego, utilizar purificadores de ar internos e acompanhar os índices de qualidade do ar.

- Controlar o estresse: adotar técnicas de atenção plena, respiração e meditação, além de buscar contato frequente com parques e espaços verdes para diminuir os níveis de cortisol. - Manter-se hidratado e evitar atividades físicas intensas durante ondas de calor, especialmente nos horários mais quentes do dia. - Utilizar filtros de qualidade na água para diminuir a ingestão de contaminantes como chumbo e arsênio. - Proteger a audição: usar protetores auditivos quando necessário, insonorizar ambientes internos, priorizar locais silenciosos e incluir pausas acústicas na rotina diária.