Incursões Aéreas Não Identificadas Aumentam a Tensão entre Moldávia, Romênia e Rússia

Relatos recentes destacam a invasão de espaço aéreo na Moldávia e na Romênia por veículos não tripulados procedentes da Rússia, elevando a tensão na região.

Na última terça-feira, uma fazenda no vilarejo romeno de Puiesti, situado a aproximadamente 50 quilômetros da fronteira com a Moldávia, foi palco de uma queda de drone russo, surpreendendo os residentes locais. O proprietário do imóvel, assustado, descreveu à mídia que, ao ouvir um barulho intenso, saiu de casa e constatou a presença de um aparelho sobre uma árvore próxima.

Simultaneamente, moradores na Moldávia relataram que um drone russo atingiu o telhado de uma edificação comercial na aldeia de Cuhurestii de Jos, a cerca de 15 quilômetros da fronteira ucraniana, causando apreensão na comunidade. Uma senhora local afirmou ao canal moldavo JurnalTV que "acordamos sem saber o que esperar".

A atmosfera de medo e incerteza permeia ambos os países, que enfrentam violações frequentes de seu espaço aéreo por parte da Rússia desde o início do conflito em larga escala na Ucrânia. Em um incidente, seis drones russos invadiram o espaço aéreo moldavo durante um ataque supostamente direcionado à Ucrânia, incluindo o aparelho que caiu em Cuhurestii de Jos.

Na Romênia, o drone que caiu em Puiesti permaneceu por horas no ar, realizando uma extensa rota sobre o leste do país. Durante esse período, diversas regiões enviaram alertas via celular sobre a presença de drones. Especialistas questionam se essas ações são acidentais ou intencionais. A Moldávia, por sua vulnerabilidade militar e ausência de um sistema de defesa aérea eficaz contra drones, não possui capacidade de interceptar esses objetos. Já a Romênia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), acionou quatro caças da aliança para monitorar a situação, embora tenham demonstrado dificuldades em manter a visão sobre os veículos.

Os drones envolvidos parecem não estar carregados com explosivos, o que sugere que suas missões podem estar relacionadas à vigilância ou a enganos táticos, comuns em ataques russos à Ucrânia. Contudo, as trajetórias indicam uma direção proposital, com voos partindo da Crimeia, cruzando o Mar Negro e seguindo para o centro e leste da Moldávia, além do leste da Romênia.

Até o momento, nem as autoridades moldavas nem as romenas atribuem esses episódios a ações coordenadas com a Rússia, diferentemente do ocorrido com a Polônia em setembro de 2025, quando a suspeita de intenção foi levantada.

Na sequência, o embaixador russo na Moldávia foi convocado para prestar esclarecimentos sobre o incidente. Similarmente, na Romênia, o diplomata russo em Bucareste foi chamado diversas vezes ao Ministério das Relações Exteriores devido a violações aéreas, sendo mostrados fragmentos de drones caídos em território romeno.

Desde 2021, a Rússia vem violando dezenas de vezes o espaço aéreo de ambas as nações, usando drones e mísseis, além de promover explosões, como a de novembro em uma área próxima à fronteira com a Moldávia e Ucrânia, e incidentes envolvendo um navio carregado de gás liquefeito na cidade de Izmail, na Ucrânia, a 250 metros de Plauru, na Romênia, onde moradores foram evacuados por risco de explosão.

A presença contínua desses incidentes demonstra o impacto da guerra na rotina diária de moldavos e romenos. Em especial na Romênia, que integra a OTAN e possui uma base aérea importante na cidade portuária de Constan?a, no Mar Negro. Analistas questionam qual seria a próxima etapa para que o governo romeno e suas forças de defesa adotem uma postura mais enérgica.

O ministro romeno da Defesa, Ionut Mosteanu, declarou que a nação não está em guerra, justificando a hesitação em agir contra os drones. Por outro lado, a legislação aprovada em fevereiro, que permite o abatimento de drones no espaço aéreo romeno, permanece sem aplicação prática até agora.

O ex-presidente Traian B?sescu expressou uma visão diferente, afirmando que uma nação que se respeita não deve tolerar que seu espaço aéreo seja utilizado como um campo de prática para veículos russos, enfatizando a necessidade de uma postura mais firme contra tais violações.