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Violência
30/11/2025 15:00:00

Alagoas registra diminuição nos homicídios nos últimos dez anos mas está acima da média nacional

Relatório da Sudene aponta avanços, mas alerta sobre persistente vulnerabilidade na segurança pública do estado

Alagoas registra diminuição nos homicídios nos últimos dez anos mas está acima da média nacional

Nos últimos anos, Alagoas tem apresentado uma redução contínua nos índices de homicídio, porém, ainda mantém-se em patamar superior à média nacional e regional, conforme indica o relatório “Panorama do Brasil e do Nordeste (2013-2023)”, divulgado pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

Este levantamento analisa a evolução da violência letal no país durante a última década. Em 2023, o estado apresentou uma das mais elevadas taxas de homicídio na região Nordeste, chegando a 35,3 mortes por 100 mil habitantes, números que ultrapassam a média brasileira de 21,2. Em um período de dez anos, entre 2013 e 2023, a taxa de homicídios em Alagoas caiu de 66,3 para 35,3 — a redução mais significativa entre os estados nordestinos nesse intervalo.

O estudo evidencia que, embora a diminuição de homicídios em Alagoas seja notável e siga a tendência de queda observada em todo o Brasil e na região Nordeste, os índices permanecem elevados. A taxa estadual continua acima da média nacional e também supera a média regional, ressaltando a necessidade de intensificar ações na área de segurança pública e de políticas sociais preventivas.

No âmbito nacional, o Brasil registrou em 2023 um total de 45.747 homicídios, o menor número das últimas décadas, com uma taxa de 21,2 casos por 100 mil habitantes, conforme dados do Ipea e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Na região Nordeste, a taxa estimada foi de 32,1 homicídios por 100 mil habitantes, segundo a Sudene. A mortalidade por armas de fogo também apresentou uma redução considerável: em 2013, Alagoas registrava uma taxa de 57,4 homicídios por arma de fogo a cada 100 mil habitantes, que caiu para 27,6 em 2023.

Durante o mesmo período, a região Nordeste respondeu por aproximadamente metade do total de homicídios por armas de fogo ocorridos no Brasil, colocando em evidência o papel das armas na violência regional. Entre 2013 e 2023, Alagoas experimentou a maior queda no índice, com uma redução de 49,8%, de 1.860 para 933 homicídios.

O relatório também destaca o impacto da violência na juventude, especialmente na faixa de 15 a 29 anos, que continua sendo o grupo mais vulnerável na região Nordeste, com Alagoas apresentando uma taxa de 79,50 por 100 mil habitantes em 2023 — embora tenha registrado uma diminuição em relação aos 146,30 de 2013. Além disso, os homicídios de negros em Alagoas caíram cerca de 40,8% entre 2013 e 2023, passando de 113 casos para apenas 10.

Já os registros de homicídios de não negros também tiveram forte redução, de 142 para 75, neste mesmo período. Apesar de avanços na redução da violência estrutural, as disparidades sociais, raciais e geracionais continuam influenciando quem vive e quem morre em decorrência de homicídio em Alagoas.

O boletim também menciona a diminuição dos homicídios contra crianças de 0 a 4 anos, que totalizaram zero casos em 2023, um dado altamente simbólico e que reforça a atenção necessária às vulnerabilidades infantis no Brasil. Ainda na análise de uma década, o relatório aponta uma redução de 47,2% nos homicídios de mulheres em Alagoas, de 142 para 75 vítimas, sugerindo avanços nas estratégias de prevenção e repressão a esse tipo de crime.

Os dados indicam que, mesmo com uma redução significativa nas taxas gerais e por armas de fogo, a violência letal permanece concentrada entre os jovens, especialmente aqueles de ascendência negra, evidenciando desigualdades sociais profundas. Especialistas afirmam que o progresso depende de esforços integrados que envolvam ações de prevenção social, combate às desigualdades, ampliação de oportunidades para a juventude e intervenções direcionadas às áreas mais vulneráveis.

Apenas medidas repressivas, sem um foco na prevenção, não são suficientes para uma mudança duradoura. A melhora nos indicadores é um motivo para esperança, mas ainda não deve ser motivo de comemoração. O panorama revela que, apesar do caminho percorrido rumo à diminuição da violência, o estado de Alagoas permanece em alerta.

Como salientado pelo estudo, a redução de homicídios é um avanço importante, mas exige vigilância constante, políticas públicas eficazes e o compromisso social para garantir a proteção da vida. O relatório da Sudene oferece uma ferramenta valiosa para gestores, pesquisadores e a sociedade, ajudando a identificar áreas críticas, mensurar progressos e orientar ações de política pública.

Compreender esses números é essencial para reconhecer a gravidade do problema e reforçar a urgência de investimentos na segurança e na proteção da população.