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Leitura de Domingo
30/11/2025 12:00:00

Descoberta revela cinco etapas evolutivas do cérebro ao longo da vida

Estudo internacional identifica períodos de transformação cerebral até os 90 anos, incluindo a adolescência prolongada até os 30

Descoberta revela cinco etapas evolutivas do cérebro ao longo da vida

Uma pesquisa recente demonstra que o cérebro humano passa por cinco fases distintas durante toda a existência, com pontos de mudança aos 9, 32, 66 e 83 anos, conforme indicam neurocientistas.

Crédito, Getty Images

A equipe de cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, analisou exames de cerca de 4.000 indivíduos até 90 anos, explorando as ligações entre suas células cerebrais. Segundo eles, o cérebro permanece na fase de desenvolvimento semelhante ao da adolescência até a chegada dos 30 anos, atingindo seu ponto máximo nesse período. Os pesquisadores sugerem que esses achados podem esclarecer por que o risco de doenças mentais e demência varia ao longo das diferentes fases da vida.

Legenda da imagem: Os cientistas identificaram cinco etapas distintas na evolução do cérebro humano Embora o cérebro esteja em contínua adaptação às novas experiências e aprendizagens, o estudo evidencia que esse processo não ocorre de forma linear, nem desde o nascimento até a morte.

Em vez disso, há oscilações e ciclos de fortalecimento e enfraquecimento das conexões neurais. De acordo com os autores, as cinco fases cerebrais são: - Infância: do nascimento até os 9 anos - Adolescência: de 9 a 32 anos - Vida adulta: de 32 a 66 anos - Início do envelhecimento: dos 66 aos 83 anos - Envelhecimento avançado: a partir dos 83 anos

A pesquisadora Alexa Mousley explica que o cérebro está em constante reconexão ao longo da vida, fortalecendo e enfraquecendo seus laços de forma irregular, com fases de ajustes e recuperação. Ela também destaca que, embora algumas pessoas possam evoluir mais cedo ou mais tarde, os dados revelam que esses intervalos são bastante evidentes.

Mais informações podem ser acessadas nos estudos publicados na revista científica Nature Communications, que detalham esses padrões de desenvolvimento cerebral.

Legenda: Os pesquisadores da Universidade de Cambridge destacam que o cérebro permanece na fase adolescente até os 30 anos As cinco etapas do desenvolvimento cerebral: **Infância** - caracteriza-se por rápido crescimento cerebral e pela eliminação de conexões neurais excedentes, conhecidas como sinapses. Nesse período, o funcionamento cerebral é menos eficiente, assemelhando-se a uma criança que vagueia por um parque. **Adolescência** - a partir dos 9 anos, há uma intensa otimização das conexões, um processo considerado uma transformação significativa. Essa fase também corresponde ao período de maior vulnerabilidade a transtornos mentais. Apesar de se acreditar que a adolescência termina na puberdade, evidências indicam que ela se estende até os 20 ou até o início dos 30 anos, sendo a única fase em que a rede neuronal atinge seu pico de eficiência.

Mousley observa que isso explica o aumento de desempenho cerebral nessa faixa etária, reforçando que o cérebro permanece na fase de 9 a 32 anos. Ela destaca que esse dado é bastante intrigante. **Vida adulta** - após o pico, o cérebro entra em uma fase de estabilidade que dura cerca de três décadas.

Durante esse período, as mudanças diminuem, embora a eficiência comece a declinar, um fenômeno que muitos associam ao envelhecimento cognitivo. Segundo Mousley, esse período representa um platô de inteligência e personalidade, em que o cérebro mantém sua maior capacidade funcional. **Início do envelhecimento** - por volta dos 66 anos, o cérebro começa a apresentar mudanças nos padrões de conexão, deixando de atuar como um todo integrado para operar de forma mais segmentada, com regiões funcionado de modo mais independente, semelhante a uma banda que inicia projetos solo. Ainda que o estudo tenha foco em cérebros saudáveis, essa fase coincide com o surgimento de sinais de demência e hipertensão, que podem afetar a saúde cerebral.

**Envelhecimento avançado** - a partir dos 83 anos, as mudanças se tornam mais acentuadas, marcando a fase final do ciclo de vida cerebral. Há menos dados disponíveis sobre esse grupo devido à dificuldade de encontrar cérebros preservados para análise, mas o padrão de declínio segue a lógica do envelhecimento inicial. Mousley destaca que o aspecto mais surpreendente foi a coerência das idades e dos marcos importantes, como a puberdade, problemas de saúde na velhice, até mudanças sociais marcantes aos 30 anos, como a parentalidade.

O estudo, embora não tenha diferenciado entre os gêneros, levanta questões sobre o impacto de fatores como a menopausa. Duncan Astle, professor de neuroinformática na Universidade de Cambridge, comenta: "Diversas condições neurodesenvolvimentistas, além de doenças mentais e neurológicas, estão relacionadas à forma como o cérebro está conectado.

Essas diferenças influenciam atenção, linguagem, memória e comportamentos diversos." Tara Spires-Jones, responsável pelo centro de ciências cerebrais na Universidade de Edimburgo, reforça: "Este estudo é extremamente relevante por evidenciar o quanto os cérebros mudam em todas as fases da vida".

Ela acrescenta que os resultados se alinham ao entendimento atual sobre o envelhecimento cerebral, embora advirta que nem todos experimentarão essas transformações na mesma idade.