01/12/2025 13:23:47

Polícia
26/11/2025 23:00:00

Autoridades de Alagoas Intensificam Pesquisa para Localizar Familiares de 87 Pessoas Falecidas Não Reclamadas

Operação visa evitar sepultamentos anônimos e promover identificação adequada de corpos no estado

Autoridades de Alagoas Intensificam Pesquisa para Localizar Familiares de 87 Pessoas Falecidas Não Reclamadas

A Polícia Técnica de Alagoas está conduzindo uma campanha proativa para identificar os parentes de 87 cadáveres não reclamados em seus domicílios. Destas, 64 permanecem sob custódia nos Institutos de Medicina Legal (IMLs) de Maceió e Arapiraca, enquanto os demais 23 já foram enterrados como indigentes, de acordo com dados recentes do órgão.

Os corpos que ainda aguardam reconhecimento estão armazenados em câmaras frias e passam por procedimentos científicos detalhados. O objetivo é evitar sepultamentos sem identificação, garantindo que cada vítima seja corretamente reconhecida antes de qualquer disposição final. Segundo o perito e patologista forense Felipe Porciúncula, responsável pelo Instituto Médico Legal Estácio de Lima, a identificação abrange técnicas como exames de papiloscopia, odontologia forense, antropologia e, sempre que necessário, análise de DNA.

Ele explica que esse processo segue protocolos científicos rigorosos, que incluem uma série de procedimentos antes de qualquer decisão legal. A legislação brasileira dispõe que corpos de óbitos naturais não reclamados podem ser utilizados para fins acadêmicos após um período de 30 dias, conforme estabelecido pela Lei nº 8.501/1992, regulamentada por uma portaria estadual em Alagoas.

Para casos de mortes violentas, a lei determina que esses cadáveres não podem ser doados nem cremados, devendo ser sepultados após aproximadamente um mês do falecimento. Antes disso, todas as partículas biológicas são preservadas para possíveis futuras identificações.

Desde 2023, a Polícia Técnica adotou a divulgação pública como estratégia oficial para localizar familiares. Assim que a identificação é confirmada, as informações são enviadas às redes sociais e à imprensa, aumentando as possibilidades de contato. Caso não haja retorno familiar em uma semana, a Coordenadoria de Pessoas Desaparecidas da Polícia Civil é acionada para cruzar dados com boletins de ocorrência registrados no estado e em outras regiões.

Um exemplo desse procedimento é o caso de Raian de Lima Bandeira, de 31 anos, vítima de atropelamento em Junqueiro em 22 de outubro de 2025. Ele foi levado ao IML de Arapiraca sem pistas de familiares, mas a divulgação ajudou amigos a reconhecerem a vítima e informarem sua mãe, que reside em Fernando de Noronha. A mulher entrou em contato com o órgão em menos de 24 horas e autorizou a liberação do corpo. Ela revelou que Raian vivia na rua, tinha problemas de saúde e já havia desaparecido anteriormente.

O delegado Ronilson Medeiros, responsável pela Coordenadoria de Desaparecidos, destaca a importância do registro oficial de desaparecimentos: “Muitos corpos chegam ao IML sem qualquer boletim de ocorrência, dificultando o reconhecimento. É imprescindível que as famílias registrem o desaparecimento e façam a coleta de DNA”, afirma.

De acordo com Rimsky Coelho, chefe do IML de Arapiraca, a atuação conjunta das áreas de Papiloscopia, Odontologia Legal, Antropologia e Genética Forense tem sido fundamental para devolver corpos às suas famílias e evitar sepultamentos sem identificação.

A Polícia Técnica busca ampliar campanhas de conscientização e intensificar a busca ativa para diminuir o número de vítimas que aguardam reconhecimento em todo o estado.